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domingo, 7 de novembro de 2010

Educação ambiental


Questões ambientais estão cada vez mais presentes no cotidiano, porém apenas falar e expor situações que colocam em risco a vida no planeta não adianta, falta ação. Educar, conscientizar e mudar atitudes da população como um todo. Mas como e em que lugar essa educação voltada para o meio ambiente tem que ser abordada? Mobilizações como “faça xixi no banho” ou “leve sua sacola ao supermercado ao invés de utilizar a de plástico”, ajudam, mas não é tudo. Cuidar do meio ambiente tem que ser algo intrínseco no modo de vida das pessoas e para obter êxito, nada mais coeso do que começar a abordar esse assunto dentro das escolas.

O pedagogo Heitor Romero confirma “educar a criança é melhor em todas as razões que se possa apontar”. Para ele isso acontece porque a criança ainda está em formação e seria como uma “esponja” que pode absorver tanto os bons como maus exemplos, enquanto o adulto já está formado, por isso instruí-lo a respeito de algo é mais complicado, seu aprendizado vem em forma de advertência, ou seja, punição pelos atos praticados. Outra vantagem é que direta ou indiretamente a criança instrui o adulto, como exemplifica o pedagogo “no trânsito muitas vezes a criança cobra dos pais atitudes mais responsáveis e na questão ambiental é a mesma coisa”.


Inserção

foto: Natalie Malulei

Algumas escolas de Campo Grande já trabalham esse tema com os alunos por meio de trabalhos densenvolvidos nas disciplinas e por projetos extra-sala. Segundo a Rede Municipal de Ensino (REMI), composta por 93 escolas, não há um projeto único que trate sobre o meio ambiente estabelecido para todas elas, pois como o tema não envolve somente ecologia, mas também relações humanas, os professores são orientados a trabalharem com a temática de acordo com a necessidade de cada escola.

Um exemplo dessa inserção é a Escola Municipal José Antônio Paniago que atende alunos da educação infantil até o ensino fundamental. De acordo com a diretora, Maria Lúcia de Fátima de Oliveira a escola desenvolve projetos ambientais desde 2005, recebeu o 8º prêmio de ecologia e ambientalismo em 2009 pela câmara municipal e participou da Conferência Nacional infanto juvenil para o meio ambiente em Brasília.

São questões do cotidiano que fomentam a criação de projetos ambientais, como a água, foi com o intuito de preservá-la que o projeto de captação de águas pluviais surgiu. Conforme o supervisor escolar, João Carlos da Silva a idéia começou por meio de pesquisas sobre o tema, onde os alunos realizaram um estudo sobre a quantidade do consumo de água na escola e como poderiam contribuir para a redução de gastos. A partir desse trabalho foram construídas maquetes com possíveis projetos, e entre elas o mais viável era o captador de água de chuva.

Mais tarde com o apoio da Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SEMADUR) e de uma construtora local foram construídos na escola dois reservatórios com capacidade para armazenar 7.500 litros d’água cada um, captando ao todo 15.000 litros, que são utilizados para realizar a limpeza do local. Para o supervisor a maior gratificação é perceber que os alunos adquiriram a consciência de preservar e cuidar e estão levando essas atitudes para dentro de casa.

Dentro do ensino particular de acordo com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso do Sul (Sinepe MS), há cerca de 200 escolas na Capital, mas o órgão não possui informação a respeito de quantas delas abordam a questão ambiental. Contanto, o Em Foco, entrou em contato com dez dessas escolas e constatou que todas elas abordam de alguma maneira o tema.

Entre elas está o Colégio Salesiano Dom Bosco que atende alunos desde a educação infantil ao ensino médio. O tema foi incluído na escola, por volta de 2005, a partir da obtenção do selo de qualidade ISO 9001. Conforme o coordenador de logística do colégio, Willian Fernando Ribeiro Bernardes, foi com o objetivo de crescimento e com a consciência de que é um fator importante e fundamental para o futuro que a escola implantou a gestão ambiental, ação que gerou à empresa o selo ISO 14001 voltado para essa questão.

O tema meio ambiente faz parte da grade escolar, dentro de sala o professor trabalha o tema de acordo com sua disciplina. Essa inserção é feita também por projetos específicos extra-sala, como os projetos de plantio de árvores frutíferas do Estado e de reciclagem e recolhimento de baterias de celulares. “Não se educa mais só ensinando a ler a escrever e a fazer conta, você educa para formar um bom cidadão e hoje um bom cidadão tem que ser preocupado com o meio ambiente. Eu vejo que logo a gente não vai mais poder falar de educação sem que a preocupação ambiental esteja lá dentro”, ressalta Willian.

Na escola há também um sistema de coleta seletiva, por toda parte há lixeiras especificando o resíduo a ser depositado. Willian, explica que a iniciativa tem funcionado, mas que a única dificuldade é o fato de alguns alunos e colaboradores não depositarem os resíduos nos lixos corretos. Por causa desse fator, há um funcionário que realiza a triagem, ou seja, depois do material ser retirado é feito outra separação. Esses materiais são doados para uma cooperativa de reciclagem.

foto: Natalie Malulei

Contudo mudanças são visíveis, o aluno do 5º ano do Ensino Fundamental, Faéz Torres, conta depois dessa iniciativa começou a jogar o lixo no lugar correto, ao invés de jogar no chão pátio. E que muitas das ações aprendidas na escola, ele levou para casa. “A gente separa os materiais recicláveis, e depois vai um senhor lá em casa buscá-los para levar para a reciclagem”, explica o aluno. Willian afirma que promover esse tipo de ação é muito gratificante, porque atitudes isoladas não resolvem os problemas do meio ambiente, mas a partir do momento que essa conscientização passa para o próximo surge essa possibilidade.

Para o pedagogo Heitor Romero, são iniciativas locais e particulares como as que ocorrem dentro das escolas que mais funcionam, pois como um todo resultam em bons exemplos e geram uma reação em cadeia. Contudo Heitor afirma que essa conscientização tem que vir também pelos meios de comunicação por meio de campanhas e matérias informativas junto com a atuação enérgica do governo em relação ao tema.


Confira vídeos de campanhas que visam conscientização:


Postado por: Natalie Malulei e Aline Araújo